quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quanto custa um filho?


Ao decidir ter filhos, é preciso equilibrar a razão e a emoção. Cresceu o número de casais que organiza as finanças antes de ter um bebê, mas eles ainda são minoria. Simplesmente porque não faz parte da cultura do brasileiro ter esse tipo de preocupação. Independentemente do seu perfil, é bom, pelo menos, saber as despesas que terá até o filho concluir a faculdade — quando, teoricamente, ele passa a se sustentar. O valor não é pequeno: mais de R$ 400 mil. Mas, quando se trata de filho, sempre se dá um jeito. Esse valor é resultado de uma pesquisa feita pela consultoria Blue Numbers, de São Paulo, em 2007.

Outro estudo, do Centro de Estudos de Finanças Pessoais & Negócios (Cefipe), mostra que apenas na gravidez as despesas superam R$ 20 mil e são mais R$ 20 mil no primeiro ano de vida do bebê. Praticamente o valor de dois carros básicos zero-quilômetro. “Consideramos uma renda familiar mensal de R$15 mil. É claro que essa não é a realidade da classe média brasileira. Tomamos por base o padrão de consumo da classe média alta urbana, que serve de referência para a classe média”, explica Marcos Silvestre, consultor em finanças pessoais. “Quando fizemos a pesquisa pela primeira vez, consideramos uma renda de R$ 5 mil. Mas o resultado apresentou distorções. Ao investigarmos o motivo, descobrimos que o consumo da família de classe média, durante a gravidez e o primeiro ano do bebê, é mais próximo ao da classe de renda média alta.”

É importante considerar que esses levantamentos são referências. Na realidade, é impossível quantificar exatamente o quanto você vai gastar, porque cada família tem um padrão de consumo e os preços de produtos e serviços variam de um lugar para outro. Para o consultor Gustavo Cerbasi, durante a gravidez e o primeiro ano de vida do bebê o impacto sobre os gastos do casal podem ser até menores. “É preciso lembrar que a chegada do filho muda os hábitos da família. As pessoas têm despesas menores com restaurante, cinema, teatro, por exemplo”, afirma. De fato, casais que tenham hábito de sair todas as semanas, fazer as refeições fora de casa, viajar nos fins de semana, na verdade, podem ter uma redução de despesas.

O primeiro grande impacto no orçamento está na preparação do quarto do bebê, se houver alguma reforma envolvida. Depois vem o momento de contratar uma pessoa para ficar com o bebê, com o fim da licença-maternidade da mãe, ou fazer sua matrícula em um berçário. Também vai pesar no bolso quando a criança ingressar na escola, no caso do ensino particular. A partir daí, quanto mais o filho cresce, mais as despesas tendem a aumentar, com lazer, cursos extras e vestuário.

Economista calcula quanto custa ter um filho
Confira abaixo qual é o custo de um filho para uma família de classe média intermediária, com renda mensal na faixa de R$ 4 mil, R$ 5 mil.
Para um único filho:
0 a 3 anos - R$ 26 mil (média de R$ 6,5 mil por ano)
Despesa pré-natais, gravidez, carrinho, parto, remédios, vacinas, pediatra, babá ou creche, plano de saúde... e fraldas!
Fraldas descartáveis: cada pacote R$6, R$ 7 (a noturna é mais cara). Com quatro pacotes por semana, cerca de 18 por mês, são R$ 3.900,00 nos 3 anos.
Nem todas as vacinas são dadas nos postos de saúde: algumas custam 220,00 e R$ 190,00.
4 a 6 anos - R$ 45 mil (média de R$ 15 mil por ano)
Além das despesas comuns, a creche ou escola levam a gastos maiores, com material escolar, uniformes, transportes, festinhas com presentes e clubes etc.
7 a 10 anos - R$ 70 mil (média de R$ 17,5 mil por ano)
A escola sendo particular pesa muito no orçamento. Material escolar mais caro, cursos de inglês, esportes, roupas melhores (estima-se que as meninas iniciem um custo 25% maior com itens de vaidades femininas), games e outros brinquedos caros.
11 a 14 anos - R$ 86 mil (média de R$ 21,5 mil por ano)
Colégios particulares e o material mais caro, acrescidos a roupas, festinhas. Os celulares para os filhos são um cupim no orçamento E as mesadas?
15 a 17 anos - R$ 66 mil (média de R$ 22 mil por ano)
Período de plena adolescência e as demandas mais sofisticadas com shows e festas pagas, namoros e telefonemas intermináveis, mesadas reforçadas com fins de semana fora, excursões e atividades extras, além até de optar por cursinho pré-vestibular para tentar faculdade gratuita.
18 a 23 anos - R$ 125 mil (média de R$ 25 mil por ano)
Caso a faculdade seja particular esse será o valor médio do custo nessa fase, conforme o curso o material escolar e os livros, que encarecem muito o orçamento, bem como refeições fora de casa. Se for possível, um carrinho usado com manutenção cara, mesada maior, fins de semana e excursões mais caras, férias e feriados fora (com campings e barracas), festas e shows.
Essa soma resulta em R$ 418 mil. Mas como deve-se considerar que o dinheiro gasto e consumido tem um custo de oportunidade e poderia ser aplicado mensalmente em taxas reais de juros (reais que quer dizer sem inflação...) que neste país são altíssimas.
A 0,5% ao mês da poupança: R$ 695 mil.
A 0, 7% ao mês de Fundo de Investimento: R$ 909 mil.
A 1,0% ao mês se as taxas forem altas: R$ 1,415 milhão.
As informações foram colhidas em entrevista com Luiz Carlos Ewald, professor de finanças dos cursos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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